O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que quer trabalhar com Pequim para “equilibrar a geopolítica global” ao encerrar uma visita de três dias à China com o objetivo de aprofundar os laços entre os dois países.
“Queremos elevar o nível de parceria estratégica entre nossos países, ampliar os fluxos comerciais e, junto com a China, equilibrar a geopolítica global”, disse Lula, buscando reiterar o papel do Brasil desde que voltou ao cargo para um terceiro mandato em janeiro. Na arena internacional.
Em particular, temas próximos ao coração da diplomacia internacional de Pequim – o homem de 77 anos criou um mundo multipolar e renovou as instituições multilaterais.
Lula foi muito bem recebido na China, onde animou as crianças que dançaram ao som de uma música brasileira. Novo tempo Ele também saudou o presidente chinês, Xi Jinping, como seu “bom e velho amigo”. Os dois lados assinaram mais de uma dúzia de acordos no valor de US$ 10 bilhões em áreas que vão desde investimentos em infraestrutura até a construção de satélites e instalações comerciais.
Tanto o Brasil quanto a China são membros do bloco BRICS, um agrupamento de países em desenvolvimento incluindo Índia, Rússia e África do Sul que Lula tem procurado revitalizar desde que voltou ao cargo.
Durante um discurso em Xangai na quinta-feira, ele pediu ao grupo que apresentasse uma moeda alternativa para usar no comércio interdólar.
“Toda noite eu me pergunto por que todos os países negociam com base no dólar”, disse Lula, levantando as sobrancelhas entre os formuladores de políticas em Washington.
O líder brasileiro fez um tom de desafio a Washington em outro discurso que fez ao lado de Xi, quando destacou que Lula havia visitado a empresa chinesa de telecomunicações Huawei, que está sujeita a sanções dos EUA.
“Visitamos a Huawei ontem para dizer ao mundo que não temos preconceito em nosso relacionamento com os chineses e que ninguém nos impedirá de melhorar nosso relacionamento com a China”, disse Lula. disse.
Durante uma reunião anterior com Zhao Leji, o chefe do parlamento carimbado do país e o terceiro mais alto funcionário do Partido Comunista, Lula sublinhou sua ambição de reorganizar a ordem mundial.
“Nossos interesses em nosso relacionamento com a China não são apenas comerciais. Temos interesses políticos e temos interesse em criar uma nova geopolítica para mudar a governança mundial, dando mais representatividade às Nações Unidas”, disse Lula.
O foco multilateral é um afastamento marcante da abordagem adotada por seu antecessor Jair Bolsonaro, que priorizou os laços bilaterais com os Estados Unidos sob o ex-presidente Donald Trump e outros países liderados por líderes populistas como Hungria e Israel.
“É uma política externa global”, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, ao Financial Times no mês passado.
Antes de sua visita a Pequim, Lula havia dito que discutiria com Xi a criação de um “clube da paz” de nações para mediar o conflito na Ucrânia.
Em uma declaração conjunta na sexta-feira, os dois países enfatizaram que a única saída para o conflito na Ucrânia é por meio do diálogo. Mas, embora as notícias sobre a Ucrânia reflitam alguns pontos da China, não refletem totalmente a posição de Pequim, que o Ocidente criticou como pró-Rússia.
Em breves comentários à mídia na manhã de sábado, Lula reiterou a ideia que havia anteriormente de iniciar um clube de nações não beligerantes com ideias semelhantes para discutir a paz, com a China provavelmente desempenhando um papel. Ele pediu aos EUA que parem de “promover” a guerra.
“Outro país importante são os Estados Unidos. Ou seja, os Estados Unidos devem parar de incitar a guerra e começar a falar em paz”, disse Lula. A Europa também deve falar em paz, disse ele, para que a Rússia e a Ucrânia aos poucos comecem a ver que o mundo inteiro quer o fim da guerra.
“Lula acredita que o Brasil tem algo a contribuir, principalmente quando se trata da guerra Rússia-Ucrânia. Muitos entendem isso como ingênuo. [but] “Lula entende que a China desempenha um papel importante na tentativa de pressionar a Rússia”, disse Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo.
“O problema é que a China, embora se posicione como um país neutro, tem uma clara postura pró-Rússia.”
Em entrevista coletiva na embaixada brasileira na noite de sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o país não tem intenção de alienar os Estados Unidos em relação à China.
“País [Brazil] Escolher parceiros é enorme”, disse Haddad a repórteres. “O Brasil tem capacidade de fazer parcerias em acordos bilaterais com esses grandes conglomerados e outros países. Não adianta se forçar a fazer a escolha de se distanciar do outro quando você se aproxima de alguém.