- Escrito por Jake Horton, Peter Moye e Gregor Atanesian
- BBC Notícias
A força mercenária russa acusa Wagner de ter diversas relações comerciais e militares com o Sudão, mas o grupo nega qualquer envolvimento no atual conflito no país.
Yevgeny Prigozhin – que tem laços estreitos com o presidente Vladimir Putin – disse que “não há uma única empresa militar privada Wagner [private military company] Um lutador que está no Sudão há mais de dois anos.
Não encontramos evidências de mercenários russos atualmente dentro do país. Mas há evidências das atividades passadas de Wagner no Sudão, e as sanções dos EUA e da Europa têm como alvo as operações de Prigozhin no país.
negócios de mineração de ouro
Em 2017, o então presidente sudanês Omar al-Bashir Uma série de negócios ocorreu Com o governo russo durante uma visita a Moscou.
Isso incluiu um acordo para a Rússia estabelecer uma base naval em Port Sudan, no Mar Vermelho, bem como “acordos de concessão de mineração de ouro entre a empresa russa M-Invest e o Ministério Sudanês de Minerais”.
O Tesouro dos EUA afirma que A M Invest e uma subsidiária, a Meroe Gold, são as fachadas das atividades do Grupo Wagner no Sudão, terceiro maior produtor de ouro da África.
“Yevgeny Prigozhin e sua rede exploram os recursos naturais do Sudão para ganho pessoal e espalham influência maligna em todo o mundo”, disse o então secretário do Tesouro Steven Mnuchin em 2020.
A M Invest e a Meroe foram alvos específicos de sanções dos EUA.
De acordo com uma investigação da CNN, o ouro foi transportado por terra para a República Centro-Africana, onde a Wagner opera – e as exportações não foram registradas nos dados comerciais oficiais do Sudão.
Grandes quantidades de ouro também foram contrabandeadas através de uma rede de aeroportos militares, de acordo com um relatório publicado no ano passado no jornal Daily Telegraph.
O que mais Wagner estava fazendo no Sudão?
Desde 2017, fontes russas e internacionais publicaram fotos que parecem localizar mercenários russos dentro do Sudão.
Quão influente é Wagner?
O Tesouro dos EUA diz que o Grupo Wagner conduziu “operações paramilitares, apoiou a manutenção de regimes autoritários e a exploração de recursos naturais”.
“No início, em 2018, eles tinham cerca de 100 homens treinando ativamente as forças militares sudanesas, e o relacionamento cresceu a partir daí”, diz a Dra. Joanna de Dios Pereira, do Royal United Services Institute, com sede no Reino Unido.
Relatos da mídia sudanesa dizem que o número aumentou para cerca de 500, e eles estavam estacionados principalmente no sudoeste, perto de Um Dafouk, perto da fronteira do Sudão com a República Centro-Africana.
O Sudan Tribune relatou que quando o presidente al-Bashir enfrentou protestos populares em 2019, “combatentes russos” foram mobilizados para monitorar os protestos antigovernamentais ao lado dos serviços de inteligência e segurança sudaneses, apesar das autoridades sudanesas negarem isso.
Trocando lealdades
O Grupo Wagner planejou suas campanhas de mídia para ajudar o presidente Bashir a permanecer no poder, diz o Dr. Samuel Ramani, autor de um livro sobre as atividades da Rússia na África.
“Prigozhin estava defendendo… acusando os manifestantes de serem pró-israelenses e anti-islâmicos”, diz ele.
Isso causou atrito com as forças de segurança do presidente e, assim, Wagner transferiu seu apoio para o homem que o havia destituído – o major-general Abdel Fattah al-Burhan.
“Enquanto o Ministério das Relações Exteriores em Moscou era contra o golpe, o grupo Wagner-Prigozhin na verdade saudava a tomada do poder por al-Burhan”, diz o Dr. Ramani.
Segundo o Dr. Ramani, em 2021 e 2022 o Grupo Wagner intensificou suas relações com as Forças de Apoio Rápido (RSF), que atualmente combate o exército regular no Sudão, comandado pelo general Burhan.
O Sr. Prigozhin estava interessado em obter mais ouro através das minas recentemente adquiridas pelo líder da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, amplamente conhecido como Hemedti.
Hemeti visitou Moscou no ano passado, dizendo que espera fortalecer as relações entre o Sudão e a Rússia.
No entanto, Kholoud Khair, da Confluence Advisory, um think tank do Sudão, acredita que o Wagner Group não está escolhendo um lado no conflito atual.
“Wagner tinha conexões com as instituições do major-general Al-Burhan e as empresas de Hemedti em diferentes graus e de diferentes maneiras”, diz ela.
A presença de Wagner em outras partes da África
Foi amplamente divulgado que os combatentes de Wagner estiveram na República Centro-Africana (RCA) por vários anos, guardando as minas de diamantes do país, bem como na Líbia e no Mali.
Uma investigação da BBC em 2021 encontrou evidências de seu envolvimento na guerra civil da Líbia em um dispositivo digital deixado para trás por um lutador de Wagner e em conversas com soldados e civis líbios.
No Mali, o governo recorreu a Wagner em busca de ajuda para combater os militantes islâmicos, embora não tenha reconhecido oficialmente a existência do grupo.
Reportagem adicional de Jeremy Howell e Daniel Palumbo
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