Após um forte terremoto em Marte, os cientistas planetários notaram que sua crosta é mais espessa que a da Terra.
De acordo com o relatório de um pesquisador em um artigo que aguarda publicação na Geophysical Research Letters, a crosta tem entre 42 e 56 quilômetros de espessura, em média, 70% mais espessa do que a crosta continental média da Terra.
O relatório disse que a medição foi baseada em dados da sonda Insight da NASA, um sismômetro estacionário que registrou ondas ondulantes no interior de Marte por quatro anos terrestres.
Em maio passado, todo o Planeta Vermelho tremeu a uma magnitude de 4,7 na escala Richter e durou mais de seis horas.
“Tivemos muita sorte de termos conseguido esse terremoto”, diz o sismólogo Doyeon Kim, da ETH Zurich.
Kim e seus colegas confirmaram a espessura da crosta em todo o planeta com a ajuda do Insight, que registrou ondas sísmicas do terremoto que atingiu o planeta até três vezes.
De acordo com os resultados da equipe – além da crosta ser mais espessa que a da Terra e da Lua – também é inconsistente em Marte.
Esta descoberta pode explicar a grande diferença de elevação norte-sul no planeta.
De acordo com dados topológicos e gravitacionais da órbita de Marte, o hemisfério norte do planeta é muito mais baixo que o hemisfério sul.
Os pesquisadores suspeitaram que poderia ser devido a uma diferença entre as densidades das rochas nas duas regiões do planeta.
No entanto, após a descoberta de Kim e seus colegas, descobriu-se que a crosta é mais fina no hemisfério norte, então as rochas em ambos os hemisférios provavelmente têm a mesma densidade média.
Além disso, ao calcular a profundidade da crosta, a equipe também calculou que muito do calor interno de Marte provavelmente se origina na crosta.
“A maior parte desse calor vem de elementos radioativos como potássio, urânio e tório. Estima-se que 50 a 70 por cento desses elementos podem estar na crosta, e não no manto subjacente”, disse a pesquisa.
Esta revelação também apóia a ideia de que a atividade vulcânica ainda pode estar presente em algumas partes de Marte, o que nega as afirmações de que o “Planeta Vermelho está morto”.