Dos muitos negócios que fracassaram recentemente, a aquisição da Figma, uma start-up fabricante de software de design, pela Adobe, por US$ 20 bilhões, foi uma das mais benéficas.
As empresas prometeram que era uma forma de “geralmente inaugurar uma nova era de criatividade colaborativa”, mas os reguladores em três jurisdições consideraram um esforço inaceitável por parte de uma gigante do software para comprar um futuro concorrente promissor. Para Dylan Field, CEO da Figma, esta discrepância destaca uma divisão fundamental entre a forma como as empresas e os reguladores pensam sobre a concorrência.
“É frustrante e triste que não consigamos concluir isso”, disse Field em sua primeira entrevista desde que as empresas anunciaram seu encerramento na segunda-feira.
O fim do acordo é mais uma pena para as autoridades antitruste. Tanto a Comissão Europeia como a Autoridade Britânica da Concorrência e dos Mercados estão a preparar-se para contestar formalmente o acordo. (Poucas horas antes de as empresas anunciarem que o acordo havia sido concluído, a CMA disse que a Adobe se recusou a fornecer soluções para dissipar as preocupações.) Ministério da Justiça – que Reúna-se com representantes da Adobe e Figma Na semana passada – ele estava considerando se deveria se opor também.
“É importante nos mercados digitais, bem como nas indústrias tradicionais, não apenas olhar para as sobreposições atuais, mas também proteger a concorrência futura.” Margrethe VestagerO chefe da política de concorrência da Comissão Europeia disse após anunciar o fim do acordo.
Os organizadores tinham uma grande preocupação: Permitir que a Adobe comprasse a Figma eliminaria um futuro concorrente? Para alguns, o acordo foi semelhante à compra do Instagram pelo Facebook em 2012. Essa preocupação também alimentou outros esforços de fiscalização, incluindo aqueles contra a aquisição da empresa de jogos Activision Blizzard pela Microsoft e a aquisição da startup de realidade virtual Wesen pela Meta. (Ambas as transações foram fechadas.)
Field argumentou repetidamente que o acordo teria permitido à sua empresa apresentar mais ofertas, mas disse na segunda-feira: “Em última análise, há uma lacuna entre a forma como os reguladores entendem o nosso negócio e como nós entendemos o nosso negócio”.
No final da semana, ficou claro que o acordo não poderia funcionar. “Nas últimas semanas, ambos testemunhamos como o caminho está se estreitando”, disse Field, e que abandonar o acordo proporcionaria mais clareza e certeza aos funcionários e clientes.
Em retrospectiva, Field disse que o clima de implementação era diferente agora do que era quando as empresas anunciaram seu plano em setembro de 2022.
A oposição dos reguladores ao acordo com a Adobe significa que a Figma provavelmente não conseguirá encontrar outro comprador, reconheceu Field, e a empresa permanecerá independente. Ele acrescentou que a Figma continuou a se expandir nos últimos quinze meses, duplicando sua força de trabalho para 1.300 funcionários e adquirindo a Diagram, uma empresa iniciante baseada em inteligência artificial.
Quanto à Adobe, ela terá que pagar uma taxa de rescisão de US$ 1 bilhão à Figma. (Os investidores da Adobe não ficaram alarmados: as ações da empresa fecharam 2,5% mais altas na segunda-feira.)