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Etiópia desiste de tentativa de encerrar investigação sobre abusos de Tigray ordenados pela ONU, dizem fontes

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Etiópia desiste de tentativa de encerrar investigação sobre abusos de Tigray ordenados pela ONU, dizem fontes

GENEBRA (Reuters) – A Etiópia retirou um rascunho de proposta que visa encerrar prematuramente um mandato da Organização das Nações Unidas na guerra do Tigray, disseram diplomatas e observadores à Reuters após pressão de países ocidentais.

A Comissão Internacional sobre a Etiópia, a única investigação independente sobre o conflito de dois anos que opôs os militares etíopes contra as forças na região norte de Tigray, já encontrou motivos razoáveis ​​para acreditar que crimes de guerra foram cometidos por todos os lados.

Agora também está investigando “abusos grosseiros” cometidos desde o acordo de paz de novembro. Os Estados Unidos também determinaram esta semana que todos os lados, incluindo os militares etíopes e eritreus, cometeram crimes de guerra – alegações que ambos os lados rejeitam.

A Etiópia circulou uma proposta preliminar a ser submetida à atual sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra com o objetivo de encerrar a investigação seis meses antes, em um movimento sem precedentes que também impediria a publicação de suas conclusões e a discussão final.

Mas cinco diplomatas e fontes de direitos disseram que a Etiópia recuou em meio à pressão.

A missão diplomática etíope em Genebra não respondeu às perguntas da Reuters.

Duas fontes disseram que Addis Abeba desistiu de sua proposta alegando que os países ocidentais não pediriam que a investigação fosse renovada novamente quando ela expirar no final deste ano. “Os países ocidentais tentaram impedi-los (de fazer a proposta) chegando a um entendimento, pois havia o risco de a Etiópia ganhar essa votação”, disse Mark Lemon, do Universal Rights Group, um grupo de pesquisa.

A investigação está perdendo apoio político em meio a uma reação mais ampla contra o que é visto como uma agenda de direitos humanos dominada pelo Ocidente e contestada por muitos países africanos.

A Etiópia se opôs à investigação desde o início, chamando-a de motivação política e tentando bloquear seu financiamento, favorecendo os esforços nacionais de responsabilização.

Um site da ONU mostrou que o prazo para apresentação de resoluções era quinta-feira às 12:00 GMT e que a resolução da Etiópia não estava incluída na lista. A Comissão de Genebra, de 47 membros, não tem poderes legais, mas suas investigações às vezes levam a casos perante tribunais nacionais e internacionais.

(Reportagem de Emma Farge; Edição de William Maclean)

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