Os maiores investidores do mercado imobiliário português em 2021 foram os ingleses, os americanos, os franceses, os espanhóis e, para surpresa de ninguém, os brasileiros. Cidadãos do país sul-americano têm tido um grande interesse por Portugal nas últimas décadas, compondo a maior porcentagem de imigrantes no país, uma comunidade de 120.000 brasileiros só em Lisboa (somando mais de 200.000 se for contar no país inteiro), e também sendo uma das duas principais nacionalidades de investidores no famoso esquema Golden Visa. Os dois países têm uma língua comum e fortes laços históricos e culturais, o que ajuda a explicar o vínculo transatlântico entre eles.
Em 2021, 40% das casas compradas em Portugal foram compradas por estrangeiros, e os brasileiros estavam entre a maior corte de estrangeiros que compram imóveis no país. O famoso esquema Golden Visa, que está em vigor desde sua criação em 2012, foi particularmente popular entre os investidores brasileiros. O esquema oferecia residência permanente com a opção de solicitar a tão desejada cidadania após cinco anos, a qual oferece acesso sem visto a 186 países e torna o titular um cidadão da União Europeia como um todo. Esta oferta de residência permanente era uma contrapartida de investimento imobiliário, normalmente avaliado em 500.000€ ou mais, mas variava consoante a localização e tipologia do imóvel, além de também poder ser uma transferência de capital de 1.000.000€ para um banco português ou um alto investimento em pesquisa e desenvolvimento português.
O esquema foi incrivelmente popular no Brasil, como a segunda maior nacionalidade de investidores, com mais de 1000 investidores e suas famílias se mudando para Portugal e investindo uma estimativa de € 750.000.000 na economia portuguesa através da compra de imóveis. O esquema foi tão popular que o governo decidiu realizar algumas reformas, que entraram em vigor a partir de janeiro deste ano, em um esforço para empurrar parte desse sucesso e investimento para o leste, em direção ao interior. Espera-se que outros distritos para além de Lisboa e Porto recebam o tipo de estímulo econômico que ajudou Portugal a se recuperar após a crise financeira de 2008.
No entanto, nem todos os brasileiros têm condições de adquirir imóveis no exterior, mas ainda querem se mudar para o país ibérico. De acordo com relatórios da impresa imobiliária Imovirtual sobre o tráfego de seu site vindo do exterior, a maior demografia eram os brasileiros mais jovens, entre 25 e 34 anos, que procuravam apartamentos para alugar nas grandes cidades. Porto foi a mais procurada, com 23,3% dos utilizadores à procura de um apartamento na cidade, seguido de perto por Lisboa com 20,3% e depois Braga com 20%. Do tráfego estrangeiro no site, 19,5% eram brasileiros, 15,7% franceses e 10,9% suíços. Os dados do relatório sugerem que os brasileiros mais jovens estão olhando para Portugal por suas oportunidades empregatícias e possivelmente estabilidade econômica.
Lisboa é uma metrópole europeia moderna com incríveis ligações de transporte internacional, um aeroporto que funciona como hub para 120 rotas aéreas internacionais e é constantemente eleita como uma das melhores cidades para se trabalhar como nômade digital. Além desses elogios, o mercado imobiliário da cidade não foi tão inflacionado como seus colegas do norte europeu como Londres ou Paris. O aluguel é 58,53% mais barato em Lisboa do que o mesmo apartamento em Londres, e 36,50% menor do que o aluguel médio de um apartamento em Paris. O relatório da Imovirtual refere que o Porto e Lisboa foram as cidades mais procuradas por apartamentos, apesar de serem as cidades mais caras de Portugal. O valor médio de aluguel em Lisboa em janeiro de 2022 foi cotado em 1308€ e no Porto em 1035€. No entanto, Braga, a terceira cidade mais popular, se mostrou muito mais acessível com um aluguel médio de apenas 708€ por mês.