- Escrito por José Tembe e Edu Fok
- BBC News, Maputo e Londres
Mais de 90 pessoas morreram após o naufrágio de um ferry na costa norte de Moçambique, informaram as autoridades locais.
Autoridades na província de Nampula disseram que cinco pessoas foram resgatadas das cerca de 130 que se acredita estarem a bordo do barco.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Nampula, Jaime Neto, disse que estavam a fugir de um surto de cólera. Ele acrescentou que havia muitas crianças entre os mortos.
“Como o barco estava superlotado e não era adequado para transportar passageiros, acabou afundando”, disse Neto.
Um vídeo não verificado postado nas redes sociais supostamente mostra dezenas de corpos caídos na praia.
O canal português RTP noticiou que o barco aparentemente viajava de Lunga para a ilha de Moçambique, ao largo da costa de Nampula.
É uma área de maioria muçulmana e alguns dos que morreram já foram enterrados, de acordo com os rituais islâmicos.
A província de Nampula é uma das zonas mais afectadas pelo surto de cólera, que se espalhou por vários países da África Austral desde Janeiro do ano passado.
Segundo a UNICEF, o surto actual é o pior dos últimos 25 anos. Desde Outubro de 2023, Moçambique notificou 13.700 casos confirmados e 30 mortes.
A insurgência islâmica na província vizinha de Cabo Delgado matou pelo menos 4.000 pessoas e deslocou quase um milhão de outras desde que começou, há mais de seis anos.
Os moçambicanos comuns dizem que ficaram chocados com a notícia da tragédia do barco, especialmente por causa do enorme número de mortos.
Os acidentes de barco são comuns em Moçambique, mas raramente resultam em muitas mortes. Diz-se que milhares de barcos transportam passageiros com pouca supervisão.
O jornalista local Charles Mangwiro disse à BBC: “É chocante. As autoridades têm parte da culpa por não fazerem o suficiente para controlar e monitorizar o tráfego marítimo”.
Outra correspondente em Moçambique, Berta Madem, disse à BBC que este último incidente ocorre apesar da recente pressão sobre os operadores de ferry para melhorar a segurança.
Durante quase 400 anos, a ilha de Moçambique foi a capital da África Oriental Portuguesa, quando a região estava sob domínio colonial. A ilha foi designada Patrimônio Mundial da UNESCO devido à sua arquitetura colonial e rica história como centro comercial.
Reportagem adicional de Natasha Botti
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